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O CANSAÇO DE SUBIR ESCADAS
FERNANDO LUÍS SAMPAIO
POESIA
NO Nº29/30
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As portas nunca estão abertas nem fechadas,
O caminho rareia entre caminhos, a mesa
Posta para uma só sombra. Nem a tua nem a minha.
Disponível a tactear a massa sombria
Que respiras, o horizonte está limpo e deita
Nuvens e vento sobre estas ruas.

Um a um sobes degraus e declives,
Há sempre uma corda no fim do patamar,
Há sempre mais degraus,
Há muito que o sobressalto te selou
Os lábios, nada dizes, uma torrente escava a desilusão

De nunca mais regressares.
E das cordas que vais puxando
De patamar em patamar como
De um poço ascendem as ondas
Secas da trovoada, o teu corpo
A dizer que não.

 
Relâmpago nº29/30
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