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VERDE
ROSA MARIA MARTELO
POESIA
NO Nº31/32
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1.

Ver crescer a mais alta folha da palmeira imperial, o verde enrolado ainda no cimo da grande coluna que é uma palmeira, embora mais ágil, de tão leve. Podia imitar aqui essa subida frágil, o finíssimo pulsar das folhas ao vento, no verão, e descrever a longa nave entre as duas fiadas de palmeiras, as colunas sob nenhum tecto, o verde azul das flechas por abrir.

Mas como não fixar em demasia a vibração dos troncos altos, a inclinação dos capitéis e o que faz mais direita uma palmeira que a coluna mais direita, mais alta até que a sua altura? E como saber por que razão, nesta palmeira, a mais alta folha ainda a prumo contra o céu ergue quem a vê como a aragem faria voar um pedaço de papel, ou quem de todo o peso se perdesse além de olhar?

 
De: "A ponte afunda-se no rio"
Relâmpago nº31/32
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